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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

2008 - Artigos do Baú - Maria Nilde Mascellani e Projeto Integrar

Artigo sobre Maria Nilde Mascellani 
Após seu falicimento.

10.01.2000.   Folha de S. Paulo  10.01.2000. 
Programa quer levar educação para 20 milhões de operários
Tese sobre o projeto será publicada
Folha de S. Paulo
 EDUCAÇÃO

Programa quer levar educação para 20 milhões de operários .
 
  

AURELIANO BIANCARELLI
            da Reportagem Local
Programa Integrar
     Um programa educacional iniciado há quatro anos com  metalúrgicos desempregados pode ser estendido a todos os  trabalhadores, o que beneficiaria cerca de 20 milhões de operários. Em dois anos, os sindicalistas acreditam que não haverá mais metalúrgicos sem o ensino fundamental e o ensino médio (ex-1º e 2º graus). Eles são cerca de 1 milhão no país.
    O programa se chama Integrar e foi elaborado pela educadora  Maria Nilde Mascellani, que morreu no último dia 19, aos 68 anos, em São Paulo. Maria Nilde ficou conhecida pela criação, dentro da rede pública, do sistema de ensino vocacional, iniciado em 62 e banido pelo regime militar em 69. Cerca de 300 mil metalúrgicos já passaram pelo Integrar de ensino fundamental. O programa foi implantado a pedido da  Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (Central Única  dos Trabalhadores) e se destinava inicialmente aos  desempregados. Será ampliado para os dirigentes sindicais e para   trabalhadores na ativa. O Integrar é financiado pelo Ministério do Trabalho e tem o apoio da Secretaria de Estado do Trabalho, PUC, Unicamp e Universidade Federal do Rio.

Currículo O currículo montado é formado por disciplinas que se integram, que estão relacionadas à experiência dos alunos e à comunidade da qual fazem parte.
 "Na grande maioria, esses trabalhadores foram "expulsos" da escola porque tiveram de trabalhar muito cedo", diz Fernando  Augusto Moreira Lopes, secretário de formação da Confederação Nacional dos Metalúrgicos. "O objetivo do Integrar é justamente resgatar essa dívida social."
A metodologia criada por Maria Nilde para a CUT agora é de domínio público. Os cadernos curriculares e o material didático que orientam o programa estão disponíveis no Ministério do
Trabalho, na Secretaria de Estado do Trabalho de São Paulo e na sede do projeto Integrar, rua Caetano Pinto, 256, Brás (região central de SP), tel. 0/xx/11/3277-6829.  
Tese sobre o projeto será publicada
            da Reportagem Local
Professores de duas universidades paulistas -a USP e a PUC- estão trabalhando para a publicação da tese de doutorado  produzida por Maria Nilde Mascellani. A tese -"Uma Pedagogia para o Trabalhador: o Ensino Vocacional como Base para uma Proposta Pedagógica de Capacitação Profissional de Desempregados"- foi defendida em dezembro passado, dez dias antes de sua morte.
     Seu objeto de estudo foi justamente a pedagogia do programa  Integrar, que ela elaborou para trabalhadores desempregados e que segue os passos do extinto ensino vocacional.
    Maria Nilde era professora concursada do Estado, e nem ela nem  sua família receberam nenhuma indenização ou aposentadoria por seu afastamento compulsório em 1969. Nos últimos anos, vinha trabalhando como professora do departamento de psicologia educacional da PUC.
     Foi no contato com o universo do trabalhador que Maria Nilde desenvolveu a pedagogia do Integrar. "O diploma do primeiro grau (ensino fundamental) era a principal reivindicação dos desempregados, preocupados com o futuro no trabalho", diz
      Maria Lucia Montes, professora do departamento de antropologia da USP, que participou da banca que avaliou a tese de Maria Nilde e que trabalhou com ela.
      Segundo Maria Lucia, os desempregados chegam "desintegrados psiquicamente, sem auto-estima, sentindo-se incapazes de tocar a  família e com extraordinário sentimento de culpa por ter perdido o emprego". A pedagogia diferenciada de Maria Nilde começava aí, pensando o processo produtivo.
Ela não queria um curso de "formação para o trabalho", mas sim uma "pedagogia centrada no trabalho" onde o homem adquirisse a consciência de que pode transformar a natureza, o mundo à sua volta e a si próprio. O fresador, por exemplo, que não estudou matemática mas aprendeu cálculo na   prática, passa sua experiência, de forma que, refletindo sobre ela,  saiba o quanto sabe e do quanto é capaz.
"Ao entender o universo que o cerca, o desempregado melhora sua auto-estima e começa a entender sua inserção no mundo."
Não se ensinam apenas conteúdos, mas seus significados. O aprendizado por meio do contato com a comunidade é uma das mais fortes heranças do sistema vocacional. "A idéia central é que não se pode separar o trabalho intelectual do trabalho manual e que aprender é aprender a pesquisar e descobrir."
 O currículo das escolas hoje se resume a uma "regulamentação burocrática". "No vocacional o currículo era integrado, e o mais importante não era o conjunto de conteúdos, mas o modo pelo qual eles eram integrados. Os alunos aprendiam a resolver problemas a partir do que estava à sua volta, de uma integração com a realidade."
Segundo Maria Lucia, a tese de Maria Nilde faz lembrar que a  "educação atual no Brasil está uma catástrofe". "Depois do vocacional, o retrocesso na educação pública foi imenso."
Algumas escolas particulares consideradas de vanguarda adotaram algumas técnicas do vocacional, como os estudos do meio, mas não a pedagogia como um todo.

(Aureliano Biancarelli)
Ex colega da unidade de Americana


Obs. somente quase dez anos depois foi possivel publicar a tese de Maria Nilde, fato que ocorreu no dia 03 de dezembro de 2010 no cine Bijou, uma parceria com o IIEP, CMFEUSP e a GVIve.

  





























































Jornal da Escola Friburgo 2008


Jornal de Batatais 24 de maio de 1997


idem

















Artigo de Esmeria Rovai para o Jornal de Batatais

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