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sábado, 18 de dezembro de 2010

2002 - Onde a Experiência ainda vive - Vocacional - Izabela Moi

FOLHA SAO PAULO
SINAPSE ONLINE - 23/07/2002 - 03h05

Onde a experiência ainda vive

IZABELA MOI
editora-assistente do Folha Sinapse

Quando os Ginásios Vocacionais foram fechados, em dezembro de 1969, alunos e professores se dispersaram. Alguns contatos foram perdidos e se impôs um silêncio temporário sobre tudo o que tinha sido feito.


Ormuzd Alves/Folha Imagem

Ausonia Favorido Donato, diretora pedagógica do colégio Equipe
A herança dos Vocacionais, no entanto, estava viva na experiência dos profissionais que trabalharam lá. Muitas escolas particulares hoje reconhecem que essa transmissão de conhecimento ocorreu. "Cada um de nós foi para um lugar, tentando virar um núcleo de renovação", conta Cecília Vasconcellos de Lacerda Guaraná, que esteve na direção de três unidades dos Vocacionais. Ela própria levou o estudo do meio e os acampamentos para o ginásio estadual Mozart Tavares de Lima, na Casa Verde, zona norte de São Paulo.

"Os profissionais que estiveram nos Vocacionais levaram sua experiência e as novas concepções pedagógicas para outras escolas, de uma forma ou de outra", conta Lucília Bechara Sanchez, atualmente uma das diretoras-executivas do colégio Vera Cruz, de São Paulo.

Lucília foi uma das fundadoras dos ginásios vocacionais. Como o Vera Cruz foi fundado em 1963, ela acredita que a influência tanto das idéias que vingaram no Vocacional como das escolas experimentais (pluricurriculares) no Vera tem muito a ver com a contemporaneidade dos nascimentos. "Muitas correntes filosóficas e pedagógicas na época se misturavam."

Apesar de não reconhecer uma herança pedagógica direta, explícita, Lucília vê similaridades com a experiência dos Vocacionais: foco na aprendizagem do aluno, projeto pedagógico que inclui interdisciplinaridade, avaliação formativa (auto-avaliação de professores e alunos). "Os Vocacionais foram uma experiência que funcionou e deu certo."

O colégio Equipe, de São Paulo, recebeu a herança pedagógica diretamente de Maria Nilde Mascellani, coordenadora dos Vocacionais, em uma consultoria que durou alguns meses em 1978.

"Muitas experiências consideradas hoje inovadoras tiveram data de nascimento: 1962, com os Ginásios Vocacionais", lembra Ausonia Favorido Donato, atual diretora pedagógica do Equipe.

"O Equipe incorporou muitas dessas inovações e, é claro, em mais de 20 anos, demos um salto. Mas tudo nasceu, como experiência, há 40 anos", diz Ausonia.

Eliana Baptista Pereira Aun, diretora-geral do colégio Guilherme Dumont Villares, não viveu pessoalmente as experiências educacionais dos Ginásios Vocacionais, mas enxerga ali "uma semente fecunda que o tempo reconheceu como vanguarda pedagógica".

"Se olharmos para o que a educação hoje está buscando ensinar os alunos a aprender a aprender, a fazer, o protagonismo juvenil, a avaliação por aptidões, o desenvolvimento de habilidades e competências, não apenas focado no conhecimento, o professor como mediador, o embrião está nos Vocacionais", afirma Eliana.

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